YAMAS e NYAMAS

Esta publicação faz parte do trabalho de finalização do Curso de Formação em Yoga - Turma 2015. Espero que desperte em cada um que utiliza estes ensinamentos, a Consciência Transformadora tão necessária nos dias atuais.

O sábio Patãnjali, que viveu numa data suposta entre os séculos IV e II a.C, autor do Yoga Sutra, texto fundamental no estudo da filosofia Yogue, organiza o sistema, enumerando os passos que levam o sadhaka (praticante) a atingir o Samadhi (estado de união plena com o todo). Ashtanhayoga (oito membros), rebatizado por Swami Vivekananda como Raja Yoga (yoga real).
Este texto, em sânscrito, descreve o Yoga em “chitta vrtti nirodhah” (Yoga é a habilidade de voltar à mente exclusivamente em direção a um objeto e sustentar essa direção sem quaisquer distrações):

1 - YAMAS: Literalmente significa "restrição"

Um conjunto de regras ou códigos de conduta para viver com um estado de consciência em harmonia com todos. Os yamas definem como devemos orientar as nossas relações com o mundo externo, são estes:

 ·        AHIMSA – Não violência

 Introdução
                        Ahimsa significa não-violência. É o primeiro princípio ético descrito no yoga sutra de Patãñjali e tem relevante importância no estudo e na prática do yoga. Este ensinamento milenar é classificado como um dos 5yamas (restrição moral/autocontrole).
                        Este artigo visa destrinchar o instituto do ahimsa. Primeiramente, dando sua definição. Em seguida, abordando sua importância para o yoga, para o autoconhecimento e para a vida cotidiana em geral. Por fim, dizendo quais os benefícios de uma prática pautada no ahimsa(inclusive dando sugestões) e sua inter-relação com os demais yamas e niyamas.
                        O entendimento e a prática do ahimsa tem importância fundamental nos dias de hoje, pois vivemos numa sociedade queestá ficando cada dia mais violenta, chegando as raias da crueldade. Portanto, este instituto não beneficia apenas as pessoas que praticam yoga ou que buscam o autoconhecimento. Entender ahimsa beneficia todas as pessoas porque é um auxílio para a convivência um pouco mais sadia nesta sociedade doente com a qual, infelizmente, temos que conviver.

 O que é ahimsa?
                        Ahimsa é uma conduta de apreço, consideração, compaixão com nós mesmos e com todos os outros seres. Esta conduta não deve ser expressa apenas nas ações, mas também, nas palavras e nos pensamentos. O ahimsa, assim como todos osyamas e niyamas, para ser praticado verdadeiramente, deve vir de dentro, ser sincero e profundo, não apenas superficial, da boca pra fora, deve ser vivido e experenciado por todo o ser, incluindo a própria alma. O ahimsa deve brotar do coração.
                        Portanto, agir com ahimsa é agir sem violência, não agredir as demais pessoas, física ou verbalmente. Não agredir os animais, as plantas, enfim, todos os seres. É tratar a tudo e a todos com respeito, incluindo si mesmo.
                        A seguir, o significado de ahimsa para alguns autores:
                        Para Gustavo Dauster ahimsa “literalmente, significa não causar dano, dor, sofrimento, violência etc. A violência embrutece a consciência, tornando impossível a compreensão e vivência das práticas de yoga, o quedizer da perfeição em yoga. Na prática, em especial, significa ter uma dietalivre do sofrimento e matança de animais e agir de forma a não causar qualquer tipo de agressão gratuita aos outros, seja física, verbal ou psíquica.”.
                        “Este termo é comumente traduzido por ‘não violência’ ou ‘não agressão’ e abrange o sentido de compaixão ou consideração por todos os seres vivos. Nele, também está incluído o tratamento que você dá ao seu corpo durante a prática de yoga. Sobrecarregar o corpo é o mesmo que não cuidar dele e, como tal, é um tipo de abuso. Estimular e persuadir, tudo bem, mas não forçar as posturas” no dizer de Cristina Brown.
                        Já o professor Hermógenes afirma que “Ahimsa é uma palavra sânscrita, que se compõe do prefixo “a”, significando negação ou abstenção, e do substantivo hinsa, que se traduz por ódio, rancor, ira... Assim, em sânscrito, ahimsa significa evitar odiar, e evitar tudo mais que resulta ódio, como hostilidade, agressão, opressão, destruição, injúria... Ahimsa é não-violência. Inofensividade, mansuetude, brandura, gentileza são ahimsa. Ahimsa é antídoto para a intoxicação que está destruindo a humanidade perplexa e apavorada.”.  

Benefícios da prática de ahimsa e sugestões
                        Existem inúmeros benefícios quando se pratica ahimsa. Somente oconhecimento da existência deste princípio da não-violência já opera mudanças no ser.
                        Estamos acostumados com um mundo onde se impera a violência, tanto de fora para dentro, como de dentro para fora. Vou explicar! De fora para dentro: é a violência que é noticiada todos os dias nos jornais, as guerras, os crimes, assassinatos, roubos, estupros, lesões corporais, violência doméstica, sequestros, matança de animais, danos ambientais e mais incontáveis números de tragédias violentas que um ser humano causa a outros seres. No plano mais sutil está a competitividade no mercado de trabalho, a ditadura do corpo perfeito, entre outras coisas, que apesar de não serem violênciasexplícitas, são violências implícitas.
                        De dentro para fora: seria a nossa violência para com os outros, que é fruto da agressividade gerada pelo medo (precisamos ser agressivos para nos defender) e pela competitividade (precisamos vencer para ter um espaço na sociedade atual); seria também a violência para consigo mesmo, quando nos exigimos ser aquilo que não somos, nos cobramos impiedosamente para conseguir algo que está ainda muito distante ou é impossível. Essa segunda hipótese, apesar de mais sutil, também é uma violência, pois gera muita frustação e sofrimento.
                        Desta forma, quando tomamos consciência de que o mundo tem um lado realmente violento, mas que existe esse princípio ético (ahimsa) que prega a não-violência, a compaixão, o amor, já olhamos para o mundo e para nós mesmos com outra perspectiva. Já prestamos mais atenção às notícias de paz, caridade e compaixão nos noticiários. Vemos que há pessoas, como Gandhi e inúmeras outras anônimas, que conseguiram mudar um pouco essa visão de sociedade violenta como único modelo possível, colocando o amor e a compaixão como uma outra opção.
                        Este princípio é tão grandioso que, apenas tomando conhecimento dele, já passamos a nos ligar mais ao positivo do que ao negativo e vibramos mais na frequência do amor. Sintonizados com essa frequência, automaticamente, passa-se a ser mais tolerante com os outros seres e consigo mesmo, o que gera a aceitação das diferenças, diminuindo os preconceitos, sejam eles de raça, gênero, social ou qualquer outro. Contribuindo também para a aceitação de si mesmo, diminuindo a cobrança interna pela “perfeição”.
                        Quando o ahimsa sai do nível apenas mental e energético e passa também ao plano do agir, os benefícios são ainda maiores. Começamos a tratar melhor as pessoas que nos cerca (família, amigos, vizinhos) e observamos na pele que, na maioria dos casos, o famoso ditado “gentileza gera gentileza” é real. Com isso nossa frequência vibracional se eleva, ficando mais sintonizada ainda com a do amor.
                        Sente-se,então, a vontade de intensificar a prática do ahimsa, expandindo essa gentileza a pessoas não tão próximas, desconhecidas e até fisicamente distantes. Muitas pessoas procuram trabalhos voluntários, para dar assistência a quem precisa. Outras (conjuntamente ou sozinhas) oram, meditam e enviam seus pensamentos positivos para auxiliar pessoas passando por situações difíceis ou lugares que sofrem com tragédias que comprometem a população, fauna e flora e até para elevar a frequência vibracional do planeta. Ao vibrar numa frequência tão alta, começa-se a perceber que o mal para de se aproximar, as coisas boas começam a surgir em nossa vida.
                        Muitas pessoas diminuem e até cessam (vegetarianos) o consumo de carne de animais, outras não utilizam não só a carne, mas também nenhum outro produto de origem animal, como couro, ovos, leite, mel (veganos), pois sabe-se que aquele alimento/produto é fruto do sofrimento do animal. Obenefício de diminuir ou parar de comer carne é enorme para saúde física e mental. No plano físico: diminui ou até cura prisão de ventre, uma dieta com menos ou nenhuma carne é mais leve, menos gordurosa. Devemos ficar atentos apenas, em substituir as proteínas e vitaminas da carne por outras de origem vegetal, quando paramos totalmente de come-la. A nível mental tem o benefício de tranquilizar a pessoa, pois a carne libera toxinas que fazem com que o corpo produza substâncias que estimulam o estresse e a agressividade.
                        Muitas vezes, achamos que cumprimos totalmente este princípio não agindo violentamente com outros seres. Esquecemos que, primeiramente, não devemos agir com violência com nós mesmos. Quando forçamos muito o nosso corpo numa prática de yoga ou qualquer outra, não estamos praticando ahimsa. Quando fumamos, usamos drogas, bebemos álcool, nos alimentamos de coisas que nos fazem mal não estamos praticando ahimsa. Nosso corpo é nosso templo sagrado, devemos tratá-lo com muito cuidado e apreço. Devemos ser gentis com o nosso corpo também.
                        Talvez o mais difícil seja praticar ahimsa com as pessoas que nos fazem mal, que nos maltratam. Não odiar quem nos odeia, não agredir quem nos agride. Precisamos nos libertar da ideia de que violência só se acaba com mais violência e que o ódio só se vence com mais ódio. Quando, na verdade, a violência e o ódio só são cessados com amor e compaixão. No entanto, isso não significa que você não vai reagir a um espancamento, a um estupro ou qualquer outra violência física ou psíquica. Isso significa que você vai se defender das agressões gerando o mínimo dano possível a si e a quem está agredindo.
                        A respeito disso, discorre o professor Hermógenes com muita sabedoria: “Na verdade, ahimsa é difícil. Mas impossível não é. Os mestres de ahimsa ensinam que devemos manter nosso ideal de atingir a perfeição, e, enquanto vigilantes, caindo e levantando, precisamos seguir adiante. Também advertem que, se praticarmos ahimsa em relação a um homicida maníaco a destruir vidas, estaremos sendo violentos contra suas vítimas. Velhas escrituras hindus bem demonstram que ahimsa não é acomodação covarde, nem conivência com a injustiça e a opressão, mas advertem que a luta contra eles não deve ser movida pelo ódio, mas pelo amor aos injustiçados e oprimidos. Ponderam que, para manutenção da ordem e guarda das fronteiras, é dever usar a força. Assim, um pai ou uma mãe praticam ahimsa quando castigam o filho que erra, e por amá-lo, procuram que não mais repita o erro. Em certas circunstâncias, a mais eficiente colaboração está em opor-nos, mas sem rancor, sem violência. Batalha, luta não são incompatíveis com ahimsa; aliás o combatente que vence mediante ahimsa obtém a única vitória verdadeira. Vitória verdadeira é aquela em que não há um vencedor orgulhoso e opressor e um vencido sobrecarregado de ódio e projetos de vingança, sob os escombros de sua demolida fortaleza. Só a vitória sem violência é duradoura e verdadeira.”.

 Exemplos de ahimsa na história e na vida cotidiana
                        Existem diversos exemplos de aplicação do ahimsa na história. Mahatma Gandhi, São Francisco, Sai Baba, Luther King e Jesus Cristo foram grandes mestres do ahimsa.
                        Mahatma Gandhi atuou na Independência da Índia utilizando este princípio da não-violência. “O mundo de amanhã será (deve ser) uma sociedade baseada na não-violência. Pode parecer um objetivo longínquo, uma inviável utopia. Mas não é inviável para aquele que começa a praticar aqui e agora. Um indivíduo pode adotar a forma de vida do futuro – a não-violência – sem ter de esperar pelos outros. E se um indivíduo pode fazê-lo, não o poderão os grupos? Nações inteiras? Muitos homens hesitam em dar começo porque sentem que o objetivo não pode ser alcançado por completo. Tal atitude mental é precisamente nosso maior obstáculo para o progresso – um obstáculo que cada homem, se sozinho decidir derrubar, pode derrubar.” (Gandhi: Liberty – Londres)
                        O próprio Jesus Cristo seguia este princípio quando pregava: “Amai a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos.” Também no Sermão da Montanha diz: “Felizes os mansos, porque eles herdarão a terra. Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.”.
                        Na vida cotidiana vemos ahimsa quando nadamos em um rio ou no mar. É tão mais fácil ir com a correnteza, mesmo que no final tenhamos que voltar para o destino visado a pé, mas já em terra firme, sem o risco de nos afogarmos ou fatigarmos. Utilizar ahimsa também é uma questão de inteligência.

 Relação de ahimsa com os demais yamas e niyamas
                        Satya é oyama que estabelece que devemos sempre ser fiéis a verdade, veracidade. Está relacionado com ahimsa porque toda vez que alguém mente está agindo com violência (desrespeito), mesmo que sutil. A pessoa precisa da verdade, mas está recebendo a informação falsa.
                                    Asteya é o yama que significa não roubar. Quando roubamos ou furtamos algo de alguém causamos danos a essa pessoa. Se causamos dano significa que agimos com violência.
                        Brahmacharya é o yama que estabelece que a pessoa deve ter controle dos impulsos sexuais. Explorar, corromper sexualmente outra pessoa é uma violência.
                        Aparigraha é o último yama que significa não cobiçar. Quem age com cobiça, age com violência, com descaridade, desamor. Tudo isso é oposto a ahimsa.
                        Saucha é o primeiro niyama. Afirma que devemos buscar a pureza em todos os aspectos: interno e externo. Uma pessoa que come muita carne e por isso tem prisão de ventre, por exemplo, tem reações mais agressivas, violentas. Uma pessoa que se intoxica com cigarro e outras drogas também não pratica ahimsa consigo mesma.
                        Santosha é um dos niyamas e significa contentamento. Quem está satisfeito, alegre, contente automaticamente é pacífico, nem pensa em violência.
                        Tapas é o niyama que preceitua a força de vontade. Quem pratica tapas é forte e sereno. Pessoas assim não costumam praticar violência.
                        Svadhyaya é o niyama que prega o estudo de si mesmo. É no estudo sincero de nosso próprio ser que verificamos o nosso grau de violência para conosco e com os outros seres. Apenas com essa tomada de consciência é que podemos nos corrigir.
                        Íshvarapranidhana é o último niyama que significa entrega ao absoluto. Quem está totalmente entregue ao Ser Supremo deixa-se fluir sempre. Essa pessoa já vive em ahimsa.

 Depoimento pessoal
                        Quando resolvi praticar yoga de verdade, ou seja, estudando sua filosofia, tive o primeiro contato com a palavra ahimsa. Nossa turma fazia estudos às quartas-feiras e começamos com o primeiro dosyamas: ahimsa. Cada pessoa levou um texto sobre ahimsa e então comecei a ter noção do que era este princípio tão profundo, amoroso e, porque não dizer,crístico da não-violência.
                        Pela primeira vez na vida, ante aqueles textos maravilhosos, descrevendo as atitudes pacíficas de mestres como Gandhi, Cristo, São Francisco, Hermógenes, dentre outros, vi o quanto de violência permeava a sociedade, a minha família, meus amigos, meu mercado de trabalho (na época o direito) e até meu próprio ser. Vi também o quanto a vibração da violência influência nos nervos, na saúde física, emocional e psíquica das pessoas. Daí para frente, venho travando uma batalha pacífica e contínua para viver o melhor que posso em consonância com ahimsa.
                        No início, tinha uma visão superficial e achava que apenas não sendo violenta com outros seres já estava cumprindo o totalmente ahimsa. Desta forma, diminuí consideravelmente o consumo de carne, procurei ser menos reativa com as pessoas que me provocavam. Por incrível que pareça quando se diminui o consumo de carne, automaticamente,se diminui a agressividade também. A carne libera muitas toxinas que fazem com que o corpo produza substâncias que o deixam mais agressivo. Isso já é comprovado cientificamente. Com isso consegui meu intento de tornar-me uma pessoa menos agressiva.
                        Ocorre, que estava tão pacífica, que não sabia como me defender das pessoas que me agrediam e isso também não é condizente com o ahimsa. Foi aí que a ficha caiu. Descobri que ahimsa é para ser praticado também consigo mesmo. Se deixamos que outro nos maltrate não estamos praticando ahimsa.
                        Isso vale também para as práticas de yoga ou outra atividade física qualquer. Ahimsa é saber o seu limite nas práticas, afim de não machucar-se. No meu caso específico, que entrei no yoga para me curar de uma enfermidade onde não podia ficar sem fazer exercícios, mas também, não podia sofrer muita fadiga, ahimsa foi primordial para impor esse limite saudável entre a falta e o excesso.
                        Portanto, é fácil perceber o quanto ahimsa e o yoga transformam beneficamente a vida das pessoas. Eu costumo dizer que o yoga é minha principal medicina, foi o que me curou dos males físicos, mentais e emocionais. 

 Conclusão
                        Nada melhor do que a oração de São Francisco para concluir o estudo do ahimsa. Essa oração demonstra, com perfeição, o ahimsa como deve ser experenciado em sua plenitude.
             Referências bibliográficas
- Christina Brown – A Bíblia do Yoga
- Gustavo Dauster – Yoga Sutra de Patanjali – Uma abordagem prática
- Hermógenes – Autoperfeição com Hatha Yoga
- Hermógenes – Convite à não-violência
- Hermógenes – Yoga para nervosos
- T. K. V. Desikachar – O coração do yoga
Sites visitados:


·        SATYA – Veracidade / Verdade
·         “Satya pode ser traduzido como a grande verdade”, “aquilo que não possui distorções” e até mesmo “aquilo que permeia o universo”. Realizar a VERDADE requer um profundo mergulho em si mesmo. Ir até o âmago do SER e lá encontrar a real personalidade, sem distorções. E é essa verdade que o YOGA busca. A sua essência se apresenta em cada postura (ásanas) e também em cada postura que você toma em seu dia a dia, seja diante de um problema ou de uma grande felicidade. O YOGA nos ensina a ser verdadeiros o tempo todo, pois assim podemos remover os sofrimentos gerados pelas inverdades.
·         Quando se trata de Satya, Patãnjali enumera quatro pecados da língua:
1 – Abuso e obscenidade;
2 – Afirmação de falsidades;
3 – Caluniar e fazer intrigas;
4 – Ridicularizar o que para os outros é sagrado.

"O coração deve se alimentar da VERDADE, como as lagartas, de uma folha, até saturar-se da cor do alimento e manifestá-lo em cada...mínima fibra do seu SER." -                  Samuel Taylor Coleridge. 


·        ASTEYA – Não roubar
·         Significa não furtar ou não se apropriar de bens, valores, idéias...alheios, mesmo que seja só em pensamento A origem do ato de furtar pode estar intimamente ligada ao apego e as carências, exigindo assim uma reflexão sobre as verdadeiras necessidades.
·         Reconhecendo que somos parte de uma totalidade maior e que abrange todos os seres vivos, e que essa é a nossa verdadeira natureza,  cessa a insatisfação, a carência e a vontade de querer sempre mais, simplificando, ficando com o que é necessário e indispensável. Para se ter clareza a respeito do que é o “suficiente” e que realmente precisamos, devemos entrar em alinhamento com o valor da não-violência (Ahimsa), em primeiro lugar, e com o valor da verdade (Satya), em segundo.

 “Todas as jóias aparecem para aquele estabelecido na honestidade.”  Procure, durante as práticas, não deixar seus pensamentos flutuantes (vrittis) roubarem sua atenção na prática.”   “Asteya-pratisthayam sarva-ratna-                                                                                      upanisthanam (II.37) – 


*******
    BRAMACHARYA – Contenção / autocontrole
·      
formando Robert Phillips


O QUE E BRAHMACHARYA?

A tradução literária de Brahmacharya pratishtayamveryalabaha eBrahmacharya (conduta de Brahma) = o celibato; Pratishtayam = estabelecido; Viarya = vigor; Iabhaha = adquirido."Estar estabelecido no celibato o vigor é adquirido.”

O 4o Yama, Brahmacharya em sânscrita e normalmente traduzido como celibato, abstenção oucastidade, não o faz um Yama muito popular. Tradicionalmente um Brahmacharya foi concebido para encorajar as pessoas envolvidas na prática de yoga a conservar a sua energia sexual, a favor do uso dessa energia para promover o progresso ao longo do caminho do Yoga.
Um equívoco comum e que Brahmacharya é somente sobre o celibato e significa que é muitas vezes esquecido ou considerado irrelevante na nossa cultura moderna. No entanto, Brahmacharya também pode significar “contenção” ou "uso correto da energia" ou “autocontrole”, é agora e mais prevalente do que nunca.


Se pensarmos em Brahmacharya como "uso correto da energia" nos leva a considerar como podemos realmente usar e direcionar nossa energia. Brahmacharya também e sobre não focar nossa energia em desejos externos - aqueles prazeres que parecem grande no momento, mas que são fugaz.  Brahmacharya e sobre encontrar paz e felicidade dentro de nós mesmos.
Consideremos por um momento para onde sua energia é mais dirigida. Muita de nossa energia e gasta em preocupações e em coisas que não nos agrega valor.  Também pode ser gasta na tentativa de nos apresentar como alguém que não somos ou para impressionar os outros, ou talvez nós dirigimos nossa energia para nossas aparências externas, ser magro, forte, etc.
Para ser a melhor versão de nós mesmos e de usar a nossa energia no caminho certo, precisamos antes de tudo, para ouvir o que nosso corpo precisa. Afinal, para ser capaz de espalhar a nossa mensagem ao mundo e realmente aproveitar ao máximo o que aprender com a nossa prática de Yoga, é preciso ter energia suficiente dentro de nós mesmos.
Neste momento, parece haver uma ênfase exagerada sobre como "ocupado" todos nós devemos ser - que ocupado é melhor - e que, se você não estiver ocupado, há algo errado. O ponto é, se estamos constantemente "ocupado" ou não, não importa - é saber se o que estamos fazendo vale a pena. Encher o nosso calendário com tanto como podemos pode parecer impressionante no exterior, mas quando se trata de como isso nos faz sentir no interior, não deixa muito espaço para respirar. Brahmacharya incentiva o uso correto de energia, por isso, se seus níveis de energia estão enfraquecendo no momento, considerar se suas tarefas diárias estão drenando-o de sua vitalidade. Você poderia encontrar uma maneira de levar alguns minutos por dia para parar e respirar e encontrar um pouco de paz?
Esta capacidade de abrandar não só irá permitir que o seu corpo e mente para fazer uma pausa muito necessária, mas você vai ser muito mais consciente de como você está usando sua energia naquele dia. Como mencionamos anteriormente - ouvir o seu corpo! Pense sobre onde você está dirigindo sua energia - que é útil ou prejudicial? Estar ciente de como você se sente fisicamente e energeticamente quando você está em determinadas situações - que algumas pessoas arrastar a sua energia para baixo? Será que os outros fazem você acender? Existe algo que você gosta de fazer o que realmente lhe dá um impulso? (Para a maioria de nós, sim, é provavelmente yoga!) O que quer que sua agenda do dia-a-dia inclui, tornar-se consciente de não apenas o que você faz, mas como fazê-lo, e como isso afeta você.

      Os benefícios e a interrelação com os demais Yamas e Nyamas

Ao tornar-se consciente de como nossos corpos e mentes respondem a determinadas situações, podemos começar a cultivar uma vida melhor, e que faz o melhor uso da nossa energia. Contemplando Brahmacharya em nossas ações diárias podemos levar a nossa prática de yoga para fora da aula e para dentro de nossas vidas e permitir que ele nos sirva em todos os momentos.
Brahmacharya e o comportamento que nos leva em direção a iluminação e ajuda a usar corretamente a sua energia.

A importância do brahmacharya para o espiritual

O Brahmacharya é um processo racional de preservar e conservar uma energia preciosa para que ela possa ser utilizada em outras funções muito essenciais e indispensáveis. E, se ela é preservada dessa forma, ela pode ser convertida, assim como a água densa e tangível é convertida em um vapor tênue e sutil. Então ela pode fazer maravilhas.

O prana (energia vital, força de vida) é a reserva preciosa do buscador. Qualquer atividade sensitiva ou experiência sensitiva consome muito prana. E a atividade dos sentidos que consome a maior quantidade de prana é o ato sexual. Gurudev colocou isso muito fortemente: “Ele pertuba/abala o sistema nervoso inteiro”, porque ele cria uma grande excitação, uma grande agitação, e uma intensidade tamanha de sentimentos que, como consequência, deixa a pessoa exausta e exaurida/esgotada. O mais alto de todos os objetivos na vida humana – a realização espiritual – requer o máximo disponível de energia prânica de todos os níveis: mental, intelectual e emocional. É através do prana que a gente tem que parar a incansável atividade mental. É através do prana que a gente tem que centralizar todos os raios espalhados da mente e fazê-la se concentrar em um único ponto. É através do prana que a gente tem que dirigir a mente concentrada até o objeto da meditação.

99% das pessoas estão completamente apegadas a um estado de “eu sou este corpo”. Elas conhecem sua identidade apenas como uma entidade física, um ser com mãos e pés e orelhas e olhos, comendo, bebendo, dormindo, falando, fazendo coisas. Então elas estão totalmente ligadas ao corpo. A consciência delas é erguida sobre o nível do corpo físico.

Entre todos esses processos corporais, a maioria se tornou mecânico. A maioria das pessoas não estão intensamente cientes do comer, beber, dormir, usar o banheiro. Todas essas coisas se tornaram automáticas. Mas o único processo que a maioria delas propositalmente se envolve, com um grande desejo dele – querendo-o, pensando nele, planejando-o e indo atrás dele – é o prazer sexual, o que significa que este é um processo que concentra a consciência inteira delas, a mente inteira, a atenção inteira sobre o físico, sua identidade física. De um certo ângulo, o ato sexual é o ápice da ‘fisicalidade’ ou animalidade. É um processo que forçosamente direciona sua atenção inteira ao físico e, mais do que isso, o foco inteiro do seu desejo e intenção sobre aquela parte da sua natureza física que você compartilha em comum com o reino animal inteiro.

Uma das yogas onde o celibato é absolutamente essencial e indispensável é a Kundalini Yoga. Desde o começo, é absolutamente essencial e indispensável. Senão, é perigoso se envolver com a kundalini yoga, que é baseada em pranayama e muitos mudras, bandhas e asanas.

Mas, se uma pessoa inteligente, tendo profundamente ponderado sobre a base completa da vida, disser: “Quando eu quero atingir algo grande, algo poderoso, não posso me prestar a esgotar as energias que tenho. Quanto mais eu conservar, mais eu posso divergir para aquele empreendimento e maiores as chances de ter sucesso”. Então, pensando e tendo entendido a racionalidade disso, e plenamente apreciando a realização última onde isso o/a levaria, se ele ou ela voluntariamente, disposto/a e com grande entusiasmo abraçar o celibato, onde ficaria a questão da supressão?

Na verdade, a vasta maioria dos seres humanos são animais humanos apenas; estão enraizados somente na consciência do corpo. Então o yogi diz que sua consciência apenas se movimenta nos três centros mais baixos, que é comida, sexo e eliminação inferior. Se algum despertar superior acontece e eles desenvolvem compaixão pelos outros, espírito de serviço, desejo de tornar os outros felizes, então a consciência ocasionalmente se manifesta no quarto centro, o dos sentimentos. Se a consciência persiste em uma tendência ao mais alto, de evolução espiritual e vida ideal, ela chega ao visuddha-chakra, onde podemos ter muitas experiências subjetivas, visões etc., mas ainda assim as experiências vêm e vão e a consciência se move para cima e para baixo, para cima e para baixo. Se a consciência se ergue mais além, até o ajna-chakra, nós tendemos a ficar mais e mais estáveis, estabelecidos, porque esse é o centro da mente, a psique. Mas é apenas quando a consciência chega ao sahasrara que não há mais chance de descida. Nós ficamos acima da consciência corporal. Nós não pensamos ou sentimos ou concebemos a nós próprios como uma entidade física mais. Não há como se mover para baixo. A consciência está firmemente estabelecida. Mas até então, há sempre uma necessidade de ser vigilante.

como brahmacharya se interrelaciona com os outros yamas e niyamas

Lembrando que a palavra Yama significa “morte”, fazendo referência à destruição de todas as barreiras que dificultam nosso progresso espiritual. São como códigos de ética, cinco princípios básicos de disciplina, de autodomínio.“Yama compreende a abstenção da violência, da mentira, do roubo, da perversão sexual e da possessividade.

Os Niyamas são a base moral do Yoga. Estão relacionados com as ações mentais positivas que toda pessoa deve procurar incluir em sua vida.“Pureza, alegria, austeridade, auto-estudo e auto-entrega são as disciplinas do yogi”.

Se os Yamas são a destruição das barreiras para nosso progresso espiritual então os Niyamas são os objetivos desta busca. Não conseguiríamos ter a base moral dos Niyamas se praticássemos violência, mentira, roubo, perversão sexual ou possessividade.  Praticando Brahmacharya – contenção, uso correto da energia e autocontrole nos ajuda a poder focar mais energia para nosso progresso espiritual.


      depoimento


Durante o período dos 12 meses do curso venho num crescimento constante aprendendo muito e os Yamas e Niyamas vem automaticamente fazendo parte do me dia a dia.  O Yama Brahmacharya - contenção” ou "uso correto da energia" ou “autocontrole” acredito ser o mais difícil para mim, mais todo dia venho trabalhando este Yama e todo dia venho melhorando a aplicação dele.  Trabalho bem melhor a paciência e o segurar ou controlar o que falo aguardando passar um tempo antes de falar e em muitas ocasiões decido ate não falar.


      Conclusão

 

Temos muito a aprender e sempre devemos ensinar com humildade.  E ensinando que se aprende mais. Somos estudantes na busca.

Yoga e uma filosofia de vida. Pode se tomar uma vida neste aprendizado e caminho ao autoconhecimento. Yoga e o equilíbrio perfeito entre corpo, mente e espirito.

Nesta filosofia de vida, devemos sempre tentar incorporar nas nossas vidasos 8 passos abaixo, sendo que o 8o e o grande objetivo e o mais difícil de atingir.
1.      Yamas: conduta moral e ética
2.      Niyamas: conduta disciplinar
3.      Asanas: posturas psicofísicas;
4.      Pranayamas: práticas respiratórias;
5.      Pratyahara : abstenção dos sentidos;
6.      Dharana: concentração;
7.      Dhyana: meditação;
8.      Samadhi:  iluminação.


      Referencias Bibliograficas


Trechos deste trabalho foram copiados das varias fontes listadas abaixo. Conteúdo foi reorganizado, traduzido e reescrito mais muito esta na forma original.





·        APARIGRAHANão acumular
·         "Aparigraha significa ausência de cobiça, a não possessividade. Ele se traduz melhor como desapego e generosidade. Não ter apego por coisas, nem por pessoas, nem por resultados das coisas que acontecem. O sentimento de posse traz sofrimento, pois a ausência do objeto desejado (pessoa ou coisa) traz tristeza, ansiedade... Conseguindo alcançar este estado interno de desapego percebe-se o que realmente é valioso eliminando a dependência do que é supérfluo.
·         Pode-se praticar a Aparigraha praticando a generosidade em atitudes simples: dar, sem querer receber algo em troca, doar aquelas roupas que está há anos guardadas, sem ser usadas, dar um sorriso sem esperar o sorriso de volta, dar compreensão, antes do querer ser compreendido. Enfim, dar o melhor de você, sem esperar que o outro veja, elogie ou faça igual. Desapego dos resultados. Isto não quer dizer deixar de sonhar e planejar, mas sim, não fazer disso o essencial à vida.
·         Aparigraha também significa receber cada momento que surge com uma atitude generosa e paciente.
“Quando se observa a não-possessividade, compreende-se o sentido da vida”.
                                                                                                                            (Yoga Sutra II-39) 

2 - NYAMAS:
Literalmente significa “observâncias no relacionar-se consigo mesmo"
·        SAUCHA Pureza
·         Do corpo físico, mente, emoções... Fisicamente puro é um corpo que recebe banhos diários, pratica Yoga e se nutre de alimentos prânicos (de preferência vegetais crus e recém colhidos, integrais, mel e água). 
·         As técnicas de ásana e pranayama são suficientes para purificar internamente o corpo físico. Porém, mais importante do que a limpeza do corpo é a limpeza da mente e de suas emoções perturbadoras, como ódio, paixão, ira, luxúria, cobiça, orgulho... 
·         Por esta razão, em nossas aulas de yoga, fazemos a limpeza, associando uma reflexão da nossa conduta, uma auto-análise, checando como cuidamos de nós mesmo, e o carinho que temos com nosso corpo e mente. O que comemos, o que ouvimos, o que assistimos, o que respiramos, até mesmo o que passamos em nosso corpo.
·         Esta simplicidade nos guia para funcionarmos na complexidade do mundo, e ainda cultivar uma conexão com uma alegria interior que dá verdadeiro sentido à nossa vida. Com o tempo, à medida que desaceleramos, percebemos que realmente o suficiente é suficiente, e que, no sentido mais autêntico, menos nos traz muito mais.

Através da simplicidade e refinamento contínuo (Saucha), o corpo, pensamentos e emoções se tornam reflexos claros do Eu interior. Saucha revela nossa verdadeira natureza, amplia a percepção, os sentidos e a compreensão do passado. Simplificando a VIDA.                    Yoga Sutras 2,40-2,41


******

     SANTOSHAContentamento

                     Formanda: Maria Alice Menezes Barros

 SUMÁRIO



1 - INTRODUÇÃO
2 - BENEFÍCIOS E A INTER RELAÇÂO COM DEMAIS NYAMAS E YAMAS
3 - CONCLUSÃO
4 - DEPOIMENTO
5 - BIBLIOGRAFIA

.     Introdução

Iniciando uma nova jornada em meu caminhar, conheci através do Yoga normas de conduta descritas como Yamas e Nyamas.

Yamas são condutas que, se seguidas,não nos torna um problema para a sociedade e nem um problema para o mundo. Nyamas é uma forma de você não ser um problema para você mesmo.

Certamente não foi à toa que escolhi o Nyama SANTOSHA como tema a ser apresentado ao final desse curso.

Minhas conclusões, observações sobre o tema,se destinama todos quanto tenham a vontade e a coragemde experimentar o desafio que é permitir-se uma “olhadela” diferente, inusitada, para com os acontecimentos diários da vida comum. Sim, a princípio é só uma “espiada”. Mas, ao aprofundar esse olhar, compreende-se o yoga em ação.

O condicionamento da felicidade, hoje écomumentecantado e entendidopelascoisas e situaçõesque nos agradamter, ser, ou mesmo fazer e da rejeição àquelasque nos desagradam.

É comum a cegueiraque nos impede debuscar em nossas próprias fontes o entendimento e a felicidade, filha direta do contentamento.


Contentamento é um meio, mas é também um fim. Como um meio, contentamento é desenvolver a capacidade de dar valor para tudo que a vida nos deu e é sentir a alegria de poder participar do milagre da vida. Como um fim, contentamento é descobrir o que somos em essência. Nosso estado natural é contente.

Desejo que essas breves palavras, mesmo alinhavadas de forma tão despretensiosa, contribua de alguma forma para que você dê início as suas próprias aventuras no mundo do contentamento.

O comportamento humano vem sendo amplamente estudado nos últimos tempos, destacando-se o impacto do aspecto emocional na saúde como um todo.
Existem características que interferem e determinam o estado de espírito com que o indivíduo vive e percebe a vida,esuas consequências são sentidas e podem ser observadas.
A ciência milenar do Yoga nos ensina os efeitos benéficos sobre a vida de quem a pratica. Alguns benefícios são evidentes; outros intangíveis e difíceis de serem mensurados.
A menor parte do yoga são as posturas (asanas). É certo que o corpo físico mais flexível, mais alongado e com mais saúde, possibilita uma maior absorção de energia circulando em todoo sistema.
Porém, quanto mais progredimos nas práticas, ficamos conscientes da nossa natureza e percebemos que além do corpo, somos feitos também de mente, respiração e mais. O propósito do Yoga é unir, juntaresse todo.
De acordo com a filosofia indiana, a integração de todas as partes que formam a totalidade do ser, é o objetivo do yoga.
Aprofundando-se no estudo dessa ciência, nos deparamos com preceitos morais que visam nortear nossas atitudes socialmente falando (yamas) e, com as atitudes mais íntimas e pessoais (Nyamas).
Geralmente se tem uma incompreensão sobre o significado dos preceitos. Pensamos apenas no aspecto restritivo. No Yoga, nunca se diz: não faça isso ou aquilo. Decidimos se faremos ou não. Os preceitos são uma espécie de salvaguarda, porque nossos olhos ainda não estão abertos o suficiente e nosso andar ainda é trôpego. Eles podem nos mostrar uma boa direção, uma senda segura.

SANTOSHA é a sétima norma ética do yoga.
É a capacidade de estar em paz consigo mesmo e com o mundo. Consiste em cultivar um bem-estar interior permanente, independente das circunstâncias.
A arte de extrair uma plenitude de alegria daquilo que se tem e daquilo que se é, sem que nenhuma situação ou acontecimento exterior, nem qualquer dificuldade interior possa lhe tirar a serenidade, descreve o contentamento.
Não é pensando: “serei feliz quando obtiver aquilo que desejo”, pois os desejos não tem fim. Pelo contentamento, o Yogin cria dentro de si uma chama de bem aventurança que irradia e influencia tudo que o rodeia. Esse contentamento não deve ceder diante de qualquer contrariedade, e requer uma igualdade de espírito no sucesso e no fracasso, segundo o Bhagavad-Gita, capítulo II, versos 55 ao 57:

Quando um homem, ó Pârtha, expulsa de seu espírito todos os desejos, e satisfaz-se em si mesmo pelo seu próprio Ser, diz-se que está firme em sua compreensão”.
“Aquele cujo espírito não vacila na adversidade, que não procura agarrar-se aos prazeres, aquele a quem abandonaram a atração, o medo e acólera, é sábio que está firme em sua compreensão.”
“Aquele que não é afetado por coisa alguma, boa ou má, e não odeia nem se regozija, sua sabedoria está solidamente estabelecida”.


Os descontentes são desconfiados, duvidam de si mesmos. É preciso usar de SATYA (verdade), para conduzir a própria vida com honestidade desde os pensamentos, intenções até as atitudes. É a verdade que nos levará aoautoconhecimento.
O sentimento de contentamento resulta também, da complexa e dinâmica interação das relações consigo mesmo no autocontrole, (BRAMACHARYA) e com os outros de uma forma bem ampla.
Manter um estado centrado diante das crises e também das grandes alegrias, ou seja, em equilíbrio, aceitando o momento presente como ele se apresenta, com determinação (TAPAS) e entusiasmo na vida, nos assegura onde queremos chegar, qual a nossa intenção.
Ora, se nos contentamos com o que somos e o que temos, não vivenciaremos a angústia que traz a cobiça (APARIGHAHA).
Aceitação, contentamento é muito diferente de resignação. Supõe que devemos assumir um defeito físico, um sentimento, uma sensação desagradável, sempre como desafio para que a superação dos nossos limites sejam alavancas propulsoras para o desenvolvimento de novas habilidades.
Santosha é imprescindível à auto realização. Fácil? Não! Possível? Sim!
Devemos começar a vivenciar o contentamento com brandura, aprendendo a superar aspectos indesejáveis, praticando AHIMSA, ou seja, sem nos violentarmos, nos estimulando, mas nunca nos sobrecarregando.
Essa brandura virá da crença, virá da confiança que o yogin deposita no universo. O yogin sabe, ele aprendeu que, se auto conhecendo, seja pela observação ou por meios formais de estudo (SWADHYAYA), ele é a própria divindade.
Sim! vivemos em Deus e nele nos movemos.
Viver, estar nessa dimensão e manter o propósito de nos entregarmos confiantes, pacientes, oferecendo nossa compreensão, é o caminho para entregar-se à Força construtora. É o que em sânscrito chamamos de ISHVARA PRANIDHANA.

YOGA É MUITO MAIS QUE TORCER E RETORCER O CORPO FÍSICO.

CONCLUSAO
Somos um sistema integrado. Todo ele, tem relação direta com a Força Construtora.
Quando vibramos no contentamento, todos os circuitos se abrem e a Força vital pode ser recebida integralmente.



O contentamento não se expressa através de conquistas. Não está no corpo físico, na mente ou mesmo no intelecto. Não está em nenhuma experiência. Ele permeia o todo. Penso que seja em ausências que ele se manifesta: da auto identidade, chamada eu, do pensamento, do tempo, dos conceitos, do viver parcial e superficial.
Ele significa que a vida deve ser vivida profunda, integral e completamente, na liberdade do encontro comcada experiência, percebendo que cada momento que surge, é algo novo, que deve ser saboreado com alegria ou com pesar, num dançar infindável que é a vidae de forma contente.

DEPOIMENTO

Estou nesse corpo físico há quase 50 anos. E desde muito nova, apresentei em meu comportamento muita ansiedade. Sempre a tratei como um traço da minha personalidade.
O Yoga chegou à minha vida, quando no ápice de uma crise, os sintomas chegaram ao corpo físico: taquicardia constante, perda de apetite,vômitos, diarreia, aceleração do pensamento ao ponto de não conseguir dormir por mais de dois dias seguidos apesar do extremo cansaço, uma brutal perda de peso e uma angústia que não consigo traduzir em palavras.
Não busquei o yoga de forma consciente...fui levada.
O resultado foi praticamente imediato pelo prazer que senti na práticadas posturas.Saía das aulas disposta, com uma sensação muito boa.  Depois, o caldo entornou. Trabalhando o corpo físico que era palpável, estava também trabalhando o emocional, mental e espiritual. E foi inevitável que velhas “crecas” emergissem. Não fosse o prazer que me tomava antes, durante e após as aulas, talvez tivesse desistido.
Gradualmente, apesar de certo desconforto emocional, foi-se desenhando uma nova forma e ritmo de olhar para avida e seus acontecimentos. Mais leve, um ritmo mais brando, o semblante carrancudo começou a dar lugar a uma fisionomia mais aberta.
A convivência com pessoas que buscavam algo parecido, o estudo sobre essa ciência milenar, calou fundo em minha alma. Hoje, sinto uma necessidade de recolhimento para prática da meditação, das posturas e da leitura diariamente!
Eu poderia escrever linhas e mais linhas para falar do bem que o yoga trouxe à minha vida, mas vou resumir dizendo: Quero ser instrumento de divulgação do yoga, para auxiliar pessoas a sentirem esse mesmo bem estar.
Aproveito o momento, para registrar minha eterna gratidão a César, o amigo que me levou à Nildes; a Nildes, pelo acolhimento amoroso sempre, pelos ensinamentos, pela compreensão, pelo não julgamento; A Nanã, que numa aula ministrada por ela, e num momento crítico meu, me olhou com tanto amor, que aquele momento fiou congelado na minha memória; a Taís que, com suas mãos curadoras, cuidou de mim, do meu corpo, doando sua energia através das massagens.
Hoje, pronuncio NAMASTÊ, sentindo de fato o significado dessa palavra.

Gratidão.


REFERÊNCIAS :
BROWN, Christina – A Bíblia do Yoga, São Paulo 2009
HERMÓGENES – Yoga para nervosos , Rio de Janeiro 2013
DESIKACHAR, TKV – O Coração do Yoga – São Paulo 2007
PARAMHANSA, Yogananda – A Essência do BhagavadGita, São Paulo 2007
HERMÓGENES – Yoga: paz com a vida, Rio de Janeiro 2007


·        TAPASTolerância
·         Tapas  quer literalmente dizer "calor", e pode ser traduzida como catarse, transformação, disciplina, esforço espiritual, tolerância. Tapas tem um sentido de "cozinhar" a nós mesmos no fogo da disciplina nos transformando em indivíduos de caráter, fortalecendo nossa natureza para que possamos agüentar os "trancos e barrancos" que a vida pode apresentar.
·         Tapas não necessariamente exige austeridade extrema. Podemos exercitar nosso tapas quando, por exemplo, nos comprometemos com o nosso corpo através de exercícios ou da prática pessoal de yoga (sadhana), através da atenção que prestamos em tudo aquilo que inserimos no nosso corpo (comida, remédios, qualidade da água...) e através da busca da expansão de nossas mentes através de escrituras e busca pelo conhecimento tão necessário no despertar da consciência superior. Seu fruto é a perfeição do corpo, o qual se torna tão forte e robusto como um diamante.

"Autodisciplina não é torturar a si próprio; é a maneira de organizar as forças desgovernadas da mente e concentrá-las nos hábitos de viver específicos que nos podem proporcionar a verdadeira felicidade. "
                                     Paramahansa Yoganan

  ****

SVADHYAYA Estudo

Formando: Rafael Ennes

Introdução:
A prática de Yoga é muito mais do que simplesmente a execução de asanas. É necessário também trabalhar o caráter do yogi através da observação e vivência dos conceitos Yamas e Niyamas para que haja evolução no caminho espiritual. O estudo constante é importante também para o desenvolvimento na  prática .
Este trabalho tem como intuito abordar o entendimento do Svadhyaya, quarto Niyama do Yoga Sutra de Patanjali. A compreensão deste Niyama é fundamental para o autodesenvolvimento daqueles que buscam uma maior consciência.
Svadhyaya pode ser definido como o estudo dos textos tradicionais relativos à Libertação. Na realidade, Svadhyaya, seja pelo estudo ou pela auto-análise, é o caminho da concentração (dharana), que conduz ao conhecimento e ao desnudamento do eu falso, pretensioso, com suas falhas e virtudes fictícias. Sua recompensa é o caminho da sabedoria (INFINIT YOGA, 2016).
                O texto está dividido em 4 partes: Introdução , O quarto Niyama, onde a intenção é explorar o significado, entendimento e relacionamento com os demais Yamas e Niyamas; Sugestões e Considerações finais.
O Quarto Niyama
Svadhyaya é um termo em sânscrito que significa praticar a auto-observação, o auto estudo.“Sva “– significa Eu e “adhyaya”, estudo ou educação. Portanto Svadhyaya é a educação do eu. Pelo Svadhyaya o estudante (sadhaka) entende a natureza de sua alma e obtém a comunhão com o divino, (SVADHYAYA WIKIPEDIA,2016).
Auto observação: o primeiro passo para adquirir conhecimento é a observação. Para observar a si mesmo é necessário deixar a mente livre de autocríticas ou julgamentos.  O estado de auto observação deve ser disciplinado para acontecer durante 24 horas por dia porque dessa forma, é possível perceber o estado da respiração, da mente, das sensações e dos sentimentos.
Auto estudo: é buscar refletir sobre os ensinamentos dos textos de yoga e entender como eles se manifestam na nossa vida. Tem como principal objetivo abrir um canal de comunicação entre este praticante e o objeto de sua fé, de sua devoção, o divino. E é somente com este canal estabelecido que é possível enxergar verdades mais complexas a respeito da vida e do nosso ser.
Como o Svadhyaya está relacionado ao yoga?
Uma prática freqüente de yoga também é considerada como um processo de Svadhyaya, pois através da dedicação, perseverança e entrega, inevitavelmente será possível se perceber com mais clareza, permitindo novas descobertas a respeito de si (YOGA BLOSSOM,2016).
1.       Prática de asanas: através da auto observação, corrigimos as posturas em busca de maior estabilidade e conforto.
2.       Respiração (pranayana): também pela auto observação, percebemos como a respiração se comporta em cada postura, no relaxamento e na meditação.
3.       Pratica de Svadhyaya nos permite estar em conexão com o presente uma vez que estamos nos observando.
A auto observação e a auto-análise nos levam em direção ao autoconhecimento, o que nos faz evoluir e nos torna mais conscientes. Por meio da prática do Svadhyaya, a harmonia e a integração começam a atingir as camadas internas do nosso ser e imediatamente começamos a sentir harmonia e integração com o mundo em que vivemos.
O relato abaixo (REFLETINDO YOGA, 2016) de um praticante de yoga é um bom exemplo do que vem a ser o princípio da auto observação e do auto estudo:
Numa experiência pessoal de auto-observação (Svadhyaya) encontrei um efeito palpável disso tudo. Passei a sair das práticas de tapetinho mais leve do que quando entrava, porém mais preenchido. Comecei a notar que sempre saía satisfeito das vivências quando entrava nelas com presença de espírito e ausência de expectativas. Percebi que antes o humor oscilava muito entre dias de satisfação e de insatisfação, o que até parecia “normal”, afinal, estava focado em objetivos estipulados por uma mente desatenta das reais necessidades que nos aproximam da união com o supremo. Uma mente viciada numa relação imediatista e individualista de atos/efeitos, que vagueava na superficialidade de um ego analítico e interesseiro. A rigidez de percepção me mantinha mais suscetível a um condicionamento cultural que objetiva nos tornar carentes de recompensas e ávidos de controle, que nos empurra o tempo inteiro em direção ao futuro e quase sempre nos mantém insatisfeitos com o presente. Uma programação que não abre espaço para a compreensão do ato de entregar-se e interpreta-o como uma fragilidade, indo buscar alento nas ilusões de poder, de certezas, de resultados... Tudo isso me deixava pesado, mas nada disso me preenchia. A reviravolta interior aconteceu quando tomei consciência de Ishvara pranidhana (entrega a Deus)  e, sempre que possível, passei a ofertar minhas vivencias ao aqui/agora. Atento ao presente, venho rompendo certas limitações impostas pelo ego, encontrando mais vezes o desapego, o altruísmo e a satisfação como companheiros de viagem. O aperfeiçoamento que buscamos no caminho do yoga parece vir à medida que nossa humildade reconhece a importância do indivíduo atuar em nome de algo maior que ele. Como uma gota que se dá conta de que ela própria é da dimensão do oceano.
Não havendo expectativas, o ato em si mesmo é prazeroso e realizá-lo já é façanha suficiente. Havendo foco no presente, a meditação acontece e junto com ela rumamos ao Nirvana, o supremo estado de contentamento. Exercer a presença nos liberta da ansiedade e afasta o medo, nos ajuda a compreender que de nada adianta antecipar mentalmente os efeitos almejados de nossas ações. Cada momento acontece naquele exato momento, é insano tentar controlar o que ainda não aconteceu. Diante disso, parece bastante sensato dar ouvidos à sabedoria milenar de Patanjali e entregar tudo às mãos da energia suprema de Íshvara.”
Em um contexto mais amplo, é necessário contextualizar o Svadhyaya dentro dos princípios éticos que regem o Yoga. O fundamento do Yoga, como de toda espiritualidade autêntica, é uma ética universal. Essa prática compreende 10 grandes princípios morais que podem ser consideradas patrimônio de todas as grandes religiões (YOGA BRASIL, 2016; SEMENTE DO YOGA, 2016; SIMPLESMENTE YOGA, 2016). São elas os 5 Yamas que representam aquilo que não devemos fazer e os 5 Niyamas,  que constituem aquilo que devemos fazer.O objetivo dos Yamas é controlar os impulsos naturais advindos do ego, manifestados pelos Karmendriyas( 5 órgãos de ação), no intuito de canalizar esta energia excedente para ser posto a serviço da transformação espiritual da personalidade.  Os Niyamas têm o caráter positivo e construtivo visando a organização da vida interior, pessoal. Não basta impor limites ao comportamento exterior, é também necessário reestruturar a personalidade profunda por intermédio dos 5 Niyamas que devem ser praticadas com regularidade, dia após dia.
Estes princípios, mostrados na tabela 1, devem ser observados no nosso dia-a-dia, nos permite superar os obstáculos criados pelo ego livrando-nos de pesos desnecessários criados pela mente e assim finalmente viver em paz. Tarefa esta que nos encoraja à constante auto-observação e conseqüente crescimento e evolução.
Yamas (proscrições)
Niyamas (prescrições)
1.       ahimsa (não violência)
2.       satya (não mentir)
3.       asteya (não roubar)
4.       brahmacharya (não dissipar a sexualidade)
5.       aparigraha (não acumular)
6.       sauchan (limpeza, pureza)
7.       santosha (auto-contentamento)
8.       tapas (auto-superação, tolerância)
9.       svádhyáya (auto-estudo)
10.   íshvara pranidhána (entrega a Deus)
Tabela1: 10 preceitos éticos do Yoga Sutra de Patanjali.
                O Svadhyaya faz parte do grupo dos preceitos que devemos praticar, ou seja, Niyamas.  A prática da auto observação e do auto estudo nos levam a uma reflexão que influencia o nosso comportamento e a nossa maneira de pensar.  Uma vez que refletimos sobre determinado assunto, estamos conscientes sobre tal e temos o poder de mudar, seja a tendência a exercer um comportamento antiético, seja para realizarmos algo em direção a levar uma vida com mais sabedoria e simplicidade.



Considerações finais
Há pouca dedicação em ensinar os Yamas e Niyamas pelas escolas de Yoga hoje em dia, principalmente aqui no Ocidente. Entretanto, uma pequena reflexão sobre eles revela a sua importância na manutenção do relacionamento do individuo no âmbito social e individual. Através da prática desses preceitos se estabelece uma convivência pacífica, harmoniosa e feliz na sociedade. É por essa razão que o sábio Patanjali os chama Sarvabhauma (YOGA PLENO,2016), supremos ou universais, pois valem para todas as pessoas e em todas as circunstâncias.


Referências Bibliográficas:
INFINIT YOGA. Disponível em: http://infinityoga.blogspot.com.br/2010/07/svadhyaya-auto-observacao.html .Acesso em: 16/01/2016.
SVADHYAYA WIKIPEDIA. Disponível em https://en.wikipedia.org/wiki/Sv%C4%81dhy%C4%81ya  Acesso em 16/01/2016.
YOGA BLOSSOM. Disponível em http://yogablossom.com.br/?p=119. Acesso em 18/02/2016.
YOGA PLENO. Disponível em http://www.yogapleno.com.br/yamas-e-niyamas-a-etica-do-yoga.html. Acesso em 19/02/2016.
SEMENTE DO YOGA. Disponível em http://sementedoyoga.com/os-yoga-sutras-de-patanjali/yama-e-nyama/. Acesso em 21/02/2016.
SIMPLESMENTE  YOGA. Disponível em http://www.simplesmenteyoga.com.br/conteudo.php?id=101. Acesso em 21/02/2016.




      Íshvara Pranidhana
...a entrega ao Ilimitado SER
                                            Formanda: Nivia Lacerda 

SUMÁRIO


I - O significado e o contexto aqui  (INTRODUÇÃO)................................ 03
II - ISHVARA PRANIDHANA
(conceito e contexto nos yoga sútras de Patanjali ...................................05
III – A entrega e o samadhi do ishvara pranidhana ...................................08
IV -  Em qual rosto você vê Deus? ..............................................................10
V - O Espírito de Oferta ................................................................................11
VI - Íshvara pranidhana  no sádhana e no dia-a-dia ..................................12
VII -  Principios universais: os yamas e nyamas..................................14
VIII- Depoimento ...........................................................................................16
BIBLIOGRAFIA .............................................................................................17


  
INTRODUÇÃO
I - O significado e o contexto aqui
Segundo Antônio Renato Henriques [1], Íshvara pranidhana  traduz-se como 'depositar diante do Senhor' (Íshvara = Senhor, pra = diante, nidhána = depositar). Íshvara pranidhana  pode ter vários significados conforme os contextos mas são sempre derivações de: rendição a Deus, 'entrega ao Senhor', 'aceitação da vida', 'dedicação a todos os atos', 'auto-entrega', 'renunciar aos frutos da ação (pois todo o ato é dedicado a Íshvara)'.
No Bhagavad Guitá aparece-nos a expressão bhavitam bhavati eva: aquilo que tiver que ser será.
Na nossa expressão coloquial vemos muito “que seja o que Deus quiser”. E aqui no Vale do Capão a expressão é “SE DEUS QUISER”, que coloca a nossa vontade diante de uma ação futura ou do VIR A SER, em seu devido lugar. Utilizada pelos idosos aqui do vale sempre que colocamos uma ação futura como certa, por exemplo:
- Amanhã eu passo lá na sua casa..
- SE DEUS QUISER, corrigem os idosos, com sabedoria.
Pois o próximo instante é desconhecido, e somente o VIR A SER, será.. SE DEUS QUISER! Esta posição nos humilda como agente da ação e nos remete a rendição à vontade superior, ou a ISHVARA PRANIDHANA, o ilimitado que nos rege e governa nossas ações.
Assim, o último dos niyamasÍshvara pranidhana que, pessoalmente, gosto de traduzir como SE DEUS QUISER, como os idosos do Capão, é depositar nossas ações aos pés do Senhor Deus.
Entretanto, para o ocidente, a idéia de uma rendição como uma virtude elevada parece estranho. Muitos de nós somente experimenta render-se a uma fonte mais elevada quando tendo-se confrontado com grandes e aparentemente insuperáveis problemas, através de suas habilidades individuais, deposita aos pés do senhor, rendido, pedindo ajuda superior..
Mas ISHVARA PRANIDHANA é muito mais do que isso...

  

II - ISHVARA PRANIDHANA conceito e contexto nos yoga sútras de Patanjali:
a)    O conceito de Íshvara                 'Íshvara é um Purusha especial, incólume às aflições, aos resultados das ações ou às latências provocadas por elas.' YS, I-24
'Não estando limitado pelo tempo, Íshvara é o guru dos mais antigos mestres.' YS, I-26 
Íshvara é a potencialidade da consciência individual (purusha, o si-mesmo individual). Ele funciona como um arquétipo do yogi, uma referência ideal a ser seguida por quem se aventura na senda do Yoga. Verificando que os yogis daquela época recorriam a Íshvara para obter o samádhi, Patañjali não podia deixar de o referir nos seus yoga sútras. Assim, o sámkhya (filosofia naturalista) apresentado nos sútras de Patañjali assume uma conotação dualista, afastando-se um pouco do sámkhya ateísta, que não reconhece a existência de Íshvara.  
Íshvara é então um purusha especial, não afetado pelo tempo nem espaço, não influenciado pela angústia e suas fontes (ignorância, egotismo, paixão, aversão e apego à vida). Suas ações não produzem reações, não guarda impressões, é sempre livre e consciente da sua liberdade. A grande diferença entre Íshvara e purusha (o indivíduo) é que enquanto Íshvara não é dominado pelo poder de projetar de máyá (a ilusão de nomes e formas), purusha sim, ao conceber-se como uma personalidade egóica, um conjunto mente-ego-corpo limitado.    
No Advaita Vedanta (corrente não-dualista), Íshvara pode ser entendido como o absoluto não-dual associado ao seu poder de velar (máyá). Para o Tantra ele é o bindu, ponto a partir do qual o universo se expande e se recolhe. 
Mas mais importante que a especulação que se possa fazer em torno do significado de Íshvara, o importante mesmo é a prática de Íshvara pranidhana  por parte do yogui praticante. Ao fazer esta entrega ou devoção a Íshvara, a essa ideia de não-limitação e não-ilusão, a senda do Yoga torna-se favorável ao yogi e este realiza o seu objetivo, o de libertar-se ainda em vida. 
b)   Contexto
Patañjali nos ensina vários caminhos para o samadhi e em todas as opções que ele propõe, Ishvara pranidhana está presente. Ele começa propondo somente Ishvara pranidhana para chegar ao objetivo final do Yoga.
“O samadhi pode ser obtido pela entrega a Íshvara”. Yoga Sutra, 1:23.
Depois, no início do segundo capítulo, Patañjali propõe outra prática, que ele chama Kriya Yoga. Novamente, Ishvara pranidana está presente. O objetivo principal do Kriya Yoga é atenuar os kleshas (aflições) para que o samadhi seja possível.
A última proposta de Patañjali nos Sutras, e a mais conhecida pelos praticantes de Yoga é o Ashtanga Yoga, a prática em oito estágios. Nesse sistema óctuplo, Ishvara Pranidhana é o último dos niyamas, o último preceito do código de conduta.
Patañjali diz que o objetivo do Ashtanga Yoga é destruir as impurezas e adquirir a capacidade de discernir. Observe que somente na primeira opção Patañjali foi direto, dizendo que o objetivo final do Yoga pode ser obtido pela entrega a Ishvara.
'A supressão [da identificação com os vrittis consegue-se através da] prática constante e do desapego.' Yoga Sútra, I-12 [2].
'[O samádhi pode também obter-se] pela entrega a Íshvara.' YS, I-23   
Patañjali começa por nos ensinar que através de abhyása (prática constante) e de vairágya (desapego) se consegue o estado de Yoga ou samádhi (segundo o comentador Vyása: Yoga é samádhi), e que esse samádhi está próximo para aqueles que o anseiam muito. Em caso de insucesso nessas duas práticas ou falta de motivação, ele apresenta outro meio, Íshvara pranidhana , para chegar ao mesmo fim. 
Mais à frente diz-nos: 'esforço sobre si próprio, auto-estudo e entrega a Íshvara constituem o Kriyá Yoga.' YS II-1
Patañjali apresenta-nos outra prática para chegar ao mesmo fim, o kriyá yoga, e novamente Íshvara pranidhana  faz parte das técnicas. 
Finalmente, Patañjali propõe ainda o Ashtanga Yoga, sistema pelo qual ficou conhecido, para destruir aquilo que nos condiciona e nos faz sofrer e assim levar-nos à libertação. Como já referi antes, também aqui Íshvara pranidhana  aparece, fazendo parte dos niyamas
É de realçar o fato de Íshvara pranidhana , ou a entrega à DEUS, aparecer nas três práticas apresentadas por Patañjali como meio para chegar ao Yoga, apesar da dedicação e esforço que os yogis empregavam ao utilizar a grande variedade de técnicas ao seu dispor para se libertarem.
 


III – A entrega e o samadhi do ishvara pranidhana
Íshvara pranidhana aparece no Yoga Sutra de Patañjali como sendo um dos cinco niyamas.
Os cinco yamas e cinco niyamas são a ética do Yoga, os pilares onde assenta a prática e a vida do yogi. Traduzimos niyama como prescrição, são os elementos de auto controle que dizem respeito à vida interior do yogi e à forma como se relaciona e harmoniza com a vida em geral e com a verdade transcendente.  
Para Patanjali ISHVARA PRANIDHANA é um método potente para dissolver as agitações infinitas da mente e, portanto, um meio de atingir o estado unificado final de yoga: o samadhi.
Por que? Porque ISHVARA PRANIDHANA muda nossa perspectiva da obsessão com as estreitas preocupações individuais (distrações da nossa mente) que criam um senso de separação nossa com a FONTE, pois Ishvara Pranidhana não se concentra no ego, mas sob o solo sagrado do SER, que nos reúne com o nosso verdadeiro EU.
Como eu posso me entregar a algo que eu não conheço, não vejo, não percebo?
Deus não é algo para se acreditar. Deus precisa ser conhecido. No capítulo VII da Bhagavad Gita, Arjuna pede para ver Krishna na sua forma universal.
Krishna lhe responde: "Você me procura em todos os lugares como se eu estivesse sentado em algum lugar, na verdade eu estou no seu nariz na capacidade de sentir o cheiro, estou na sua boca na capacidade de sentir o gosto, estou nos seus olhos na capacidade de enxergar, estou na sua pele na capacidade do tato. Estou na sua frente em belezas diferentes e quando você tem a capacidade de perceber essas belezas, neste momento você tem um momento de fusão comigo que chamamos de samadhi porque essas belezas são algo incrível e maravilhoso.” 
"Samadhi é o momento em que o apreciador e apreciado desaparecem e se fundem na beleza no encantamento que é o criador, que é a própria criação. Na água eu sou o sabor, no sol eu sou a luz, nos vedas eu sou Om, no espaço eu sou a capacidade dos sons de se manifestar, e em todos os seres humanos eu sou a capacidade de pensar. Na terra eu sou o cheiro da terra molhada, no fogo eu sou o calor e em todos os seres eu sou a vida. Dos rios eu sou Ganga, das montanhas eu sou os Himalayas".
“No café eu sou o cheiro, para alguém que goste de café o cheio é algo encantador. No chocolate eu sou o sabor, o sabor do chocolate é algo encantador. No pão eu sou o calor, um pão quentinho é algo divino. No açúcar eu sou a doçura. No sexo eu sou o orgasmo. Em todos os seres eu sou a razão de viver. No sol eu sou o nascer e o por do sol. No mar eu sou a imensidão. Na praia eu sou o aconchego da areia. Nos rios eu sou as cachoeiras. No sono eu sou a capacidade de dormir.”
BKS Iyengar afirma em sua “LUZ sobre o yoga Sutras”: “Atraves da rendição o ego do aspirante é apagado, e a graça derrama para baixo em cima dele como uma chuva torrencial”.
Ishvara Pranidhana fornece um caminho através dos obstáculos do nosso ego em direção à nossa natureza divina, graça, paz, amor incondicional, clareza e liberdade.


  
IV -  Em qual rosto você vê Deus?
Para praticar Ishvara pranidhana, devemos primeiro começar com nossa própria conexão íntima com o universo. Em yoga, este é referido como o seu Ishta-Devata. O conceito de yoga Ishta-Devata reconhece que cada um de nós temos nossa própria relação pessoal com o Divino e que isso serve como um poderoso meio de unificação (yoga) para nós.
Tradicionalmente, muitos sadhus na Índia têm reverenciado o Deus Shiva, muitos outros reverenciam Vishnu, especialmente em suas encarnações como Rama ou Krishna. Outros ainda são atraídos para manifestações femininas da divindade, como Lakshmi ou Kali ou Durga. Mas Sri T. Krishnamacharya, provavelmente a figura mais influente na disseminação da yoga para o Ocidente, defendeu que os praticantes de yoga ocidentais usem sua própria língua, as imagens e os nomes do sagrado para aprofundar sua conexão com Ishvara.
Eu sempre fui naturalmente atraídos pela cultura indiana, mas tenho certeza de que também foi influenciado pela devoção de minha mãe a Nossa Senhora, ou a Mãe Maria.  O seu Ishta-Devata também pode assumir uma forma mais abstrata, aos artistas,ou o canal da própria arte, o dançarino na dança, o pintor ao expressar a arte em forma de pintura, ao fotógrafo, as imagens ou desenhos na luz, como sua maneira de ver o Divino na natureza, nos olhos das pessoas, na arte. Em yoga, Ishvara é entendida como sendo além de uma forma ainda expressa através de todas as formas, e, portanto, é muitas vezes representado como a sílaba sagrada Om, como a vibração pura. O seu Ishta-Devata é a forma que a vibração leva dentro de seu próprio coração.
No Yoga Sutra, Patanjali se refere a essa presença interior de Ishvara como nosso principal mestre (I.26). Através da escuta íntima com essa voz dentro de nós, começamos a ter um relacionamento com orientação interior em todos os aspectos da nossa vida. Minha experiência do meu mestre interior é semelhante: Como a minha sintonia com esse sentido interior de direção cresce, cada vez mais orienta os meus pensamentos, palavras e ações.
V - O Espírito de Oferta
Se Ishvara é a bússola interna, pranidhana é lembrar de ficar ligado com essa essência, não apenas ocasionalmente, mas durante todo o dia. Ishvara pranidhana também é traduzido como "oferecendo os frutos de suas ações para o Divino."
À medida que consideramos como fazer Ishvara Pranidhana uma parte viva da nossa yoga, é útil olhar para a Índia, onde o ato de oferecer permeia a cultura. Em toda a Índia, as imagens do Divino estão em toda parte, e as pessoas de todas as idades estão fazendo continuamente ofertas de frutas, incenso, e gestos, de Anjali Mudra (as mãos no coração) para prostrações de corpo inteiro.
Na barraca de frutas local, o comerciante oferece o dinheiro de sua primeira venda no altar em seu carro; o condutor de riquixá toca os pés de uma imagem de Krishna antes de sumir; uma mãe bairro coloca a primeira colherada da refeição antes de seu santuário cozinha.
Como mestre de Ashtanga Vinyasa Sri K. Pattabhi Jois entra na sala de yoga, a testa sempre mostra as marcas de sua tilak, o sinal de que ele fez o seu puja de manhã (oferta). Todas essas práticas cultivar uma conexão subjacente com a Fonte; "Eu, eu, eu" começa a se mover para o fundo, e vida espiritual se move mais frente e no centro.


  
VI - Íshvara pranidhana  no sádhana e no dia-a-dia 
Sendo Íshvara pranidhana  uma prática que leva ao samádhi (ou se preferirmos ao Yoga) por si mesma, como encaixá-la na nossa prática pessoal? 
O Conhecimento desse Ishvara faz com que o samadhi seja possível porque descubro que a noção de individualidade que me separa do todo é falsa. O reconhecimento dessa ordem que governa o universo coloca meu ego no lugar porque eu não fico achando que sou o responsável por tudo, E que eu tudo realizo. Eu relaxo e saio do controle do mundo.
O primeiro que temos que entender e perceber é: a quem se destina a prática, quem a realiza e quem a desfruta? Os mestres ensinam-nos que podemos escolher as ações mas não os seus frutos e que na prática somos aquele que observa e testemunha (sakshi) as experiencias e seus efeitos acontecerem. 
Surya Namaskar (Saudação ao Sol) também pode ser um método de Ishvara pranidhana; em suas origens, foi uma comovente oração em que cada respiração oferecido a energia do iogue de volta para o sol.
Ao praticarmos não devemos estar presos a qualquer expectativa nem tão pouco apegarmo-nos aos resultados que possam surgir das técnicas. Íshvara pranidhana  acontece quando entregamos o fruto da prática ao verdadeiro agente, quando aceitamos e compreendemos que não podemos mudar o passado nem prever o futuro. Ao entendermos que existe uma inteligência superior e universal que cuida e faz fluir a vida, então podemos nos entregar por completo. 
A técnica yoganidrá (relaxamento yogi) é aquela em que mais facilmente podemos aplicar e entender o conceito de Íshvara pranidhana,  poi ali vai muito além do relaxamento e depende basicamente da nossa capacidade de nos entregarmos e abandonarmos. É como se fossemos uma bóia ao sabor da maré, onde o movimento voluntário cessa e encaixamos no fluir natural do cosmos. 
Tudo se faz e tudo sucede por si mesmo. Assim, o ser humano em nada toca e nada lhe afeta, ele não gera ações. Quando entendemos que não podemos prever os resultados e que a vida tem seu próprio rumo, aceitamos as coisas como são e vivemos de forma mais desapegada (vairagya). 
Íshvara pranidhana  implica também shraddha (confiança). Confiar que tudo está bem, confiar no processo de existência para podermos nos entregar sem medos nem receios. Confiar também no professor de Yoga que escolhemos para nos ensinar e nos próprios ensinamentos milenares que nos são passados.  
Tudo isto muda a nossa obsessão pelo 'eu', pelo ego que se assume tantas vezes como o responsável pelas ações e cobra seu desfrute. Praticar Íshvara pranidhana  torna-nos mais humildes, esvazia-nos daquilo que não interessa e nos condiciona deixando espaço para a serenidade e paz. 
Da mesma forma que o aparte SE DEUS QUISER, recorda-nos do que é essencial e quem é o verdadeiro autor do tempo e da ação, torna-me mais humilde. 
Nas palavras de Feuerstein [3]: 'A devoção e entrega deixa-nos abertos à sensação de que há algo cuidando de nós. Percebemos o vínculo que interliga todas as coisas e sustenta todo este universo.' 
Porque Ishvara pranidhana conecta cada ação à sua fonte sagrada, Krishnamacharya Diz-se que a descreveu como a prática de yoga mais importante para o Kali Yuga em que vivemos, uma "Idade do Ferro", em que toda a humanidade tenha caído longe de graça. Assim como o compromisso budista para trazer a consciência a cada ação é chamado prática da atenção plena, Ishvara pranidhana poderia ser chamado de prática "heartfulness"; ele desperta nossa devoção constante à fonte de vida e mantém nossos corações abertos ao Divino em todos os momentos, não importa o que surge.
VII -  Principios universais: os yamas e nyamas
Os Yamas e Niyamas são conhecidos como os Princípios Universais que alicerçam a vida do Yogi. Estão descritos no Yoga Sutra de Patañjali e correspondem à mais alta moral e ética para se desidentificar das personalidades do ego. Estes princípios orientam o  yogui  através de uma  conduta externa (Yama) em relação a vida e uma atitude interna (Niyama) que possa fazer contato com o Ser Real.
YAMA
NIYAMA
1.       AHIMSA = não violência
1. SAUCHA = pureza
2.  SATYA = veracidade
2. SANTOSHA = contentamento
1.       ASTEYA = não roubar
3. TAPAS = auto-esforço/ perseverança
1.       BRAHMACHARYA = celibato
4. SVADYAYA =  auto estudo
1.       APARIGRAHA = não possessividade
1.       ISHVARA PRANIDHANA =
entrega ao absoluto

Os Yamas correspondem ao desenvolvimento de uma conduta moral.  Yama, em sânscrito significa morte, ou seja deixar morrer tudo o que em nós se torne obstáculo para atingir a consciência.
AHIMSA, não violência, é estabelecer uma vida de benevolência e respeito por todas as formas de vida. O mestre Iyengar diz que quando Ahimsa termina, começa Satya que é a veracidade, o viver comprometido com a Verdade. Uma vida sustentada na Verdade desperta Asteya, não cobiçar o que não lhe pertence. Esta ausência de desejo naturalmente gera Brahmacharya, que é uma vida simples com domínio das energias corpóreas. Brahmacharya significa caminhar com Brahma, e para tanto, o estado de domínio das paixões deve ter sido conquistado e o vigor e a vitalidade despertado. Com isso surge a compreensão do que é essencial à vida e naturalmente Aparigraha, a não possessividade surge como um instrumento de libertação.
Os Niyamas correspondem aos aspectos internos que necessitam ser conectados  na senda de retorno, o caminho à consciência. Caracterizam o florescimento das virtudes da alma e despertam nossa natureza real.
Saucha é a pureza; purificar significa intensificar os componentes de vibrações mais sutis no corpo e na mente. Quando Saucha acontece, desperta Santosha, que é um estado de contentamento livre de qualquer expectativa pessoal. A Bhagavad Gita II-38 nos faz reconhecer a importância de Santosha quando diz: “ Com a mente tranqüila aceita por igual o prazer e a dor, a vitória e a derrota, o ganho e a perda…” Este é o deleite de uma mente livre de expectativas, banhada de gratidão com qualquer resultado. Com isso surge Tapas, vigor interno produzido pelo auto esforço e perseverança. É pelo poder de Tapas que queimamos as impurezas internas e nos tornamos aptos a seguir a senda sem medo ou vacilação. A Vontade, atributo sagrado para o caminhante, é desenvolvida pela prática de Tapas. Com isso desperta a necessidade do auto conhecimento –Svadhyaya, que é a gloriosa visão da realidade das coisas, da compreensão do Eu Real, que amadurece após muito trabalho interno. Quando a real visão surge como fruto de Svadhyay a, então naturalmente desabrocha a Entrega ao Absoluto – Ishvara Pranidhana, como uma benção para o caminhante, pois o absoluto é a meta para o Yogi.




VIII – DEPOIMENTO PESSOAL
O meu retorno ao Yoga aconteceu após um período muito conturbado na minha vida pessoal e profissional. E eu rendida me depositei aos pés do yoga. E tão rapidamente foi me equilibrando, me aprumando, foram tão visíveis os benefícios, que eu me segurei definitivamente neste caminho.
Retomei minha religiosidade, pois o yoga é um caminho completo. O yoga que somente foca nas praticas e posturas é apenas um exercício físico. Atingir o estado de yoga sempre foi meu objetivo.
Quando iniciei na prática do yoga aos vinte anos, época em que a aeróbica estava em moda. Eu era a única jovem na minha classe,  somente tinham pessoas da terceira idade e nossa professora, respeitando o corpo das suas alunas, fazia tudo bem lentamente nos levando ao estado de yoga. Ah! Definitivamente essa era minha prática.
Fui retornar ao yoga aos cinqüenta anos, encontrei na Escola  YOGA OM a prática que eu tanto gostei quando jovem, e recomecei a cavar espaços no meu corpo encurtado e enrijecido. Do mesmo jeito que estavam minhas emoções e mente.
Ai é onde o yoga opera os milagres, solta o corpo, solta as emoções, foca a mente. E os milagres foram acontecendo no meu corpo e na minha vida. Como um carvalho que cresce de dentro para fora o yoga e os pilares de conhecimento que o acompanham, foram me firmando e flexibilizando e como está dentro ficou também do lado de fora.
Assim, agora firme neste ciência do Yoga estou completando minha formação (?) que na verdade é um inicio com mais firmeza neste caminho, que não tem fim, pois somente estão começando os estudos e as práticas agora de um outro ponto, amparado pelo conhecimento, yamas e nyamas e essa sangha maravilhosa que é a Escola YOGA OM.
Meus profundos agradecimentos por todas as transformações amparadas por essa sangha que é a escola Yoga Om e a minha maravilhosa professora Nildes Lacerda que tal como uma parteira, vem operando milagres na vida dos seus alunos através dessa ciência da YOGA, nos levando ao estado de Yoga, e ai buscando o SER, os milagres acontecem, e é assim há milênios...

BIBLIOGRAFIA
Notas:
[1] António Renato Henriques. Yoga e Consciência, Editora Rígel, Porto Alegre, 2001. 
[2] Pedro Kupfer. Formação em Yoga, módulo 1, Yoga Bindu, Mariscal 2006. Todas as traduções dos Yoga Sútras foram retiradas da mesma fonte. 
[3] Georg Feuerstein. A Tradição do Yoga, Editora Pensamento. 
Outra bibliografia: 
Pedro Kupfer. Yoga Prático, Fundação Dharma, Fevereiro 2001, Florianópolis. 
Sesha. Advaita Vedanta, Gaia Ediciones, 2005.

Nenhum comentário:

Curso de Formação em Yoga

Curso de Formação em Yoga
Formandos 2015

VISÃO AYURVÉDICA DA EXISTÊNCIA

Sou fruto de um sonho cósmico e sonhando a vida... me manifesto!

Percebo o ESPAÇO e me deleito na expansão de SER, apenas CONSCIÊNCIA... consciência do EU SOU!!

E sendo... me movimento vibrando em Energia, sinto a brisa, o AR, percorro o Universo, e me expando infinitas vezes...

...O movimento, a expansão, me aquece, vibra, atrita, produz calor, luz, FOGO! E laboro, modelo, metabolizo, transformo...

...deste calor, derreto, molho-me e assumo outra forma, luz liquida, fluida, aquosa, AGUA! E ao movimentar-me, sinto sua densidade, forma! Sim, a Consciência toma forma, manifesta-se mais uma vez, materializa-se! E multiplica-se neste meio aquoso que possui as condições de gerar a VIDA, a forma, o veiculo...

...deste volume de água na qual me banhava e fluía, inúmeras partículas foram sedimentando, formando uma estrutura sólida, densa, rica em matéria orgânica, TERRA, a Consciência outra vez manifestada!

Cada micro partícula, seja densa, fluida, etérea ou sutil, SOU EU! Que me manifesto através da Criação e criando formas, cores, percepções, sensações, me experimento, gerando VIDA!

Tenho muitas formas, infinitas faces, pois sou a ETERNIDADE, toco o silencio, vibro, sinto, expando, expando...expando em êxtase, a-le-gria, quero compartilhar e então...me divido, inúmeras vezes criando divindades assim como EU. Assim como VOCE!!


Por NILDES LACERDA
Instrutora de Yoga
Terapeuta Ayurveda
Terapeuta de Apometria e Cura Quântica




" O utero é um Espaço Sagrado, onde o AMOR se materializa, gerando VIDA"

( 29.01.2010)



HATHA YOGA

HATHA YOGA
Flor de Lotus

SER É ESSÊNCIA...

Procure manter-se conectado ao momento presente sentindo a magia de ser e, estando atento e receptivo a tudo o que se passa interna e externamente, estar receptivo não é simplesmente receber tudo sem questionar, mas saber separar o que é denso do que é sutil, para que não se perca no vazio da densidade tridimensional, que lhe mantém preso a um falso tempo, onde o passado ou o futuro é a ordem do dia. Esteja plantado no aqui, agora, aproveitando a magia de se estar presente em cada momento seu e do planeta. Mantenha a ordem de tudo em sua vida concentrando-se para não se dispersar. Reflita bastante antes de tomar qualquer decisão e, também procure ser o reflexo da luz superior para ajudar na sua evolução, na do outro e na do planeta. Até que ponto você está integrado ao seu verdadeiro centro? Lembre-se de que cada vez que você se desconecta de si mesmo, mais de mil conexões são feitas, sem que você se dê conta. Como saber se certo pensamento, ideia ou desejo, que chegou até você, veio da mente superior através de seu ser interno, ou de alguém que simplesmente passava na rua ou estava em seu ambiente e você se sintonizou e captou? É preciso refletir sobre a fonte originária para que você não venha a se tornar mero receptáculo de informações alheias. Então, é preciso manter a mente em ordem e, se dissolver numa comunicação interna mais límpida, pois estamos atravessando um momento planetário em que há muita poluição mental e é preciso estar conectado a si mesmo para não embarcar na viagem do outro, sem uma devida análise. Procure se expressar de forma clara, universalizando sua comunicação, para cooperar com a evolução do planeta.

PRÁTICA DE MANTRAS

PRÁTICA DE MANTRAS
OM GURU OM!!

EXPANSÃO

A eternidade se estende à minha volta, abaixo, cima, à esquerda, à direita, à frente, atrás, dentro e fora. De olhos abertos, vejo-me como um pequeno corpo.

De olhos fechados, percebo-me como o centro cósmico ao redor do qual gira
a esfera da eternidade, a esfera da bem-aventurança, a esfera do onisciente
espaço vivo.

Paramahansa Yogananda, "Meditações Metafísicas

Invertidas

Invertidas